O que é Just Enough Privilege (JEP)?

O Just Enough Privilege (JEP), ou privilégio mínimo necessário, é uma prática de segurança que limita os direitos de acesso ao mínimo necessário para que usuários e sistemas façam suas tarefas. Muitas vezes usado de modo intercambiável com o termo acesso mínimo necessário, esse princípio minimiza o risco de acesso não autorizado, violações de dados e uso indevido de informações confidenciais, reduzindo a superfície de ataque.

O JEP se aplica não apenas a usuários humanos, mas também a identidades não humanas (NHIs), como contas de serviço, scripts e cargas de trabalho automatizadas, que costumam requer privilégios elevados. A aplicação do JEP para entidades humanas e não humanas é um componente crítico das estratégias modernas de confiança zero e gerenciamento de acesso privilegiado (PAM).

Acesso Just-in-Time (JIT) x privilégio mínimo necessário

Embora o acesso Just-in-Time (JIT) e o privilégio mínimo necessário tenham como objetivo reduzir os riscos de segurança e aumentar o controle sobre o acesso privilegiado, eles diferem em escopo e aplicação.

O acesso JIT está ligado ao tempo, fornecendo aos usuários permissões elevadas somente quando necessário e por um período limitado. Costuma ser usado para tarefas de alto risco e de curto prazo, como solução de problemas de emergência ou ações administrativas. Após a conclusão da tarefa, o acesso é revogado automaticamente, minimizando a janela de exposição.

Por outro lado, o JEP é baseado em funções, concedendo aos usuários ou sistemas o nível mínimo de acesso necessário para fazer suas tarefas regulares. Em geral, esse acesso é permanente e contínuo, sem restrições de tempo, e está alinhado com o princípio do menor privilégio (PoLP). Enquanto a função do usuário permanecer inalterada, seu acesso permanecerá consistente.

Juntos, JIT e JEP têm funções complementares: o JEP limita o que os usuários podem acessar, enquanto o JIT limita quando eles podem acessar.

Como funciona o privilégio mínimo necessário

O privilégio mínimo necessário começa com uma auditoria completa das permissões de usuário para identificar contas com acesso desnecessário, excessivo ou desatualizado. Essa etapa inicial garante que os privilégios estejam alinhados com as funções atuais do cargo e ajuda a eliminar usuários com excesso de permissões que possam representar riscos à segurança.

Em seguida, as organizações definem níveis de acesso baseado em funções com base no princípio do menor privilégio, concedendo aos usuários e sistemas acesso apenas aos recursos necessários para suas funções de trabalho. Políticas de controle de acesso são então criadas para impor essas limitações e são implementadas por meio de soluções PAM para ajudar a garantir a consistência e simplificar o provisionamento de acesso.

A manutenção do JEP requer monitoramento contínuo e revisões regulares à medida que as funções mudam. Ferramentas de gerenciamento de identidades e acesso (IAM), juntamente com os sistemas de gerenciamento de informações e eventos de segurança (SIEM), dão suporte à aplicação contínua, detecção de anomalias e auditoria.

Ao aplicar e manter o JEP, as organizações reduzem o risco de acesso não autorizado e abuso de privilégios ou uso indevido, ao mesmo tempo em que garantem que o acesso permaneça alinhado às mudanças de funções ou às necessidades da empresa.

Quem precisa do privilégio mínimo necessário?

O privilégio mínimo necessário não serve apenas para pessoas; ele se aplica a qualquer identidade que possa acessar sistemas, incluindo processos automatizados, contas de serviço e integrações de terceiros. Ao limitar o acesso somente ao que é necessário, as organizações reduzem a superfície de ataque e minimizam o risco de uso indevido.

Aqui estão alguns exemplos de onde a JEP faz uma diferença crítica:

  • Administradores de TI: Administradores de TI costumam precisar de amplo acesso para gerenciar a infraestrutura, mas privilégios totais em todos os ambientes podem introduzir riscos. O JEP impõe acesso específico à tarefa, concedendo somente as permissões mínimas necessárias para executar uma determinada tarefa.
  • Equipes de DevOps: As funções de DevOps costumam exigir acesso a pipelines de CI/CD, ferramentas de configuração e ambientes de tempo de execução. Com o JEP, esse acesso é limitado às ferramentas e aos sistemas que gerenciam diretamente, reduzindo possíveis movimentos laterais ou danos causados por credenciais comprometidas.
  • Equipes de segurança: As equipes de segurança precisam de visibilidade profunda nos sistemas, mas não de acesso irrestrito. O JEP permite que investiguem ameaças, extraiam logs e monitorem atividades sem expor dados confidenciais ou controles administrativos.
  • Fornecedores terceirizados: Muitas vezes, o acesso temporário é concedido a parceiros externos. No entanto, sem os controles adequados, isso pode abrir a porta para a exposição de longo prazo. O JEP garante que fornecedores só acessem o que precisam, pelo tempo necessário.
  • Equipe de suporte: O suporte ao cliente e as centrais de atendimento internas precisam de acesso a contas de usuário e ferramentas de solução de problemas, não a sistemas de backend completos. O JEP os restringe somente aos sistemas necessários para resolver problemas, preservando a segurança enquanto mantém a eficiência.
  • Contas de serviço: As contas de serviço costumam ter permissões em excesso e são pouco monitoradas. Aplicar o JEP significa conceder somente as permissões específicas necessárias para a tarefa, como ler de um banco de dados ou gravar em um log específico, e nada além disso.
  • APIs e integrações de aplicativos: As interfaces de programação de aplicativos (APIs) trocam dados entre sistemas com frequência. Sem o JEP, elas podem ter acesso total a todos os ambientes. O JEP limita seu escopo somente aos endpoints e tipos de dados necessários para sua função.
  • Scripts e bots de automação: Scripts e bots lidam com tarefas rotineiras, como backups, implantações ou alertas. Eles costumam ser executados com privilégios elevados por padrão. O JEP impõe acesso mínimo, reduzindo o impacto se um script for comprometido ou se comportar mal.

Os benefícios do privilégio mínimo necessário

Existem vários benefícios na implementação do JEP, incluindo a eliminação do acesso permanente, a minimização do impacto das violações de dados e o fortalecimento da postura de segurança das organizações.

Elimina o acesso permanente

O JEP elimina o acesso permanente, o que significa que os usuários não recebem acesso prolongado ou desnecessário a sistemas ou dados que não precisam. Em vez disso, o acesso é concedido somente quando necessário para uma tarefa específica e é imediatamente revogado após a conclusão dessa tarefa. Essa abordagem reduz o risco de acesso não autorizado, pois não há acesso permanente e não monitorado que possa ser explorado. Ao garantir que os usuários tenham acesso somente quando necessário, o JEP minimiza ameaças à segurança, como violações de dados e uso indevido de privilégios.

Minimiza o impacto das violações

O JEP reduz o impacto das violações de dados limitando a quantidade de acesso que qualquer pessoa tem em um determinado momento. Se ocorrer uma violação, a capacidade do cibercriminoso de se movimentar lateralmente em uma rede ou acessar dados confidenciais é restrita porque os usuários têm acesso somente a determinados recursos para tarefas específicas. Isso reduz o escopo dos possíveis danos, impedindo que os criminosos cibernéticos tenham mais controle sobre sistemas ou informações críticas.

Fortalece a postura de segurança

A postura de segurança de uma organização melhora com a implementação do JEP, pois o acesso não autorizado e a escalação de privilégios são evitados. Conceder aos usuários acesso somente ao que é necessário para fazer suas tarefas limita as oportunidades de cibercriminosos acessarem sistemas sensíveis. Se uma conta for comprometida, o acesso restrito torna mais difícil para os criminosos cibernéticos alcançarem recursos adicionais.

Melhora a eficiência operacional

O JEP melhora a eficiência operacional ao garantir que os usuários tenham acesso somente ao necessário, simplificando o gerenciamento e reduzindo a complexidade desnecessária. Limitando as permissões, as organizações podem simplificar melhor os fluxos de trabalho, reduzir a sobrecarga administrativa e evitar o desperdício de recursos no gerenciamento de acesso excessivo. Essa abordagem permite que as equipes trabalhem com mais eficiência sem se esforçar para lidar com permissões desnecessárias ou riscos de segurança associados a usuários com excesso de permissões. O JEP também libera as equipes de TI e segurança para se concentrarem em tarefas mais urgentes, em vez de monitorar constantemente as permissões.

Atende à conformidade

As organizações podem cumprir os requisitos de conformidade e proteção de dados por meio do JEP. Ao impor o acesso com o mínimo de privilégios, o JEP reduz o risco de acesso não autorizado aos dados, facilitando o cumprimento dos requisitos de segurança e das normas, como o Regulamento Geral de Proteção de Dados (RGPD) e a Lei de Portabilidade e Responsabilidade de Seguros de Saúde (HIPAA). O JEP também proporciona às organizações controle sobre quem pode acessar dados específicos, garantindo que o acesso esteja estreitamente alinhado com os padrões de conformidade.

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